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A INEFICÁCIA DA FENILEFRINA COMO DESCONGESTIONANTE NASAL ORAL

21 fev, 24

Durante uma conferência realizada em setembro deste ano, um comitê de conselheiros da Food and Drug Administration (FDA), o órgão regulador de medicamentos, cosméticos, alimentos e outros produtos, dos Estados Unidos, chegou à conclusão de que a fenilefrina, quando de uso oral, não demonstra eficácia como descongestionante nasal.

Mas afinal, o que são descongestionantes nasais? 

Os descongestionantes nasais são medicamentos frequentemente utilizados para aliviar os sintomas de congestão nasal, situação em que ocorre a formação e retenção de fluidos e muco na cavidade nasal, tornando-as inchadas e de difícil respiração, provocando o ‘entupimento’ das narinas (nariz entupido). A congestão nasal por si só não é considerada uma doença ou quadro clínico primário e, sim, um sintoma que pode ser causado por resfriados, gripes, alergias ou sinusite. 

Nesse contexto, os descongestionantes correspondem a uma classe de medicamentos utilizados para aliviar o sintoma de congestão nasal, ou seja, ‘desentupir’ as narinas. Existem dois tipos principais: os descongestionantes tópicos e os orais

Os descongestionantes tópicos, como a oximetazolina ou o cloridrato de nafazolina, são geralmente aplicados diretamente nas narinas na forma de sprays ou gotas nasais. Eles atuam rapidamente, proporcionando alívio imediato, mas seu uso deve ser limitado a alguns dias, pois o uso prolongado pode levar a uma condição conhecida como rinite medicamentosa, na qual o nariz fica ainda mais congestionado com o tempo.

Já os descongestionantes orais, como a fenilefrina, agem de forma mais geral no corpo, causando constrição dos vasos sanguíneos, ou seja, reduzindo o que se chama de luz do vaso sanguíneo que é traduzida na redução do diâmetro dos vasos sanguíneos, inclusive os do nariz. Com isso, o efeito do entupimento é minimizado porque os vasos com diâmetro reduzido ajudam na redução do inchaço e melhora da sensação de ‘entupimento’. No Brasil, a fenilefrina está presente em muitos medicamentos de venda livre, como Benegrip, Cimegripe, Naldecon, e diversos outros.

Diversos estudos encontrados hoje demonstram que a fenilefrina em composições orais, como comprimidos e xaropes, não possui efeito significativo. Contudo, no Brasil, os medicamentos com fenilefrina registrados apresentam combinação com outros fármacos que possuem outras indicações, por exemplo o efeito analgésico. Dessa forma, segundo a ANVISA, não existem medicamentos no mercado brasileiro que contenham apenas fenilefrina de uso oral.

Outro fato importante é que, apesar de ter sua eficácia questionada, esse medicamento já apresenta evidências que comprovam sua segurança. Afinal, para que um medicamento seja registrado no Brasil, a ANVISA e seus órgãos reguladores devem avaliá-los através de extensos estudos clínicos que comprovem sua segurança em uso, além de outros parâmetros.

Enquanto o FDA ainda não publica sua conclusão, assim como a ANVISA, os medicamentos permanecem no mercado, até que tais órgãos cheguem a uma decisão.Vale ressaltar que embora os descongestionantes nasais possam ser eficazes no alívio temporário da congestão, e que no Brasil muitos desses medicamentos sejam isentos de prescrição,  é importante usá-los com cuidado e seguir as instruções do rótulo ou as orientações de um profissional de saúde. O uso excessivo ou prolongado desses medicamentos pode levar a complicações e agravar o problema. Além disso, é fundamental lembrar que os descongestionantes não tratam a causa subjacente da congestão nasal, mas apenas os sintomas. Portanto, em casos de congestão crônica ou recorrente, é aconselhável procurar orientação médica para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado

Referências:

NERI, Monica. Fenilefrina. Crfsp.org.br. Disponível em: <https://www.crfsp.org.br/noticias/12592-informe-t%C3%A9cnico-sobre-a-fenilefrina-por-via-oral.html>. Acesso em: 31 out. 2023.

Autor: Isabela Velloso

Revisora: Julia Peixoto de Albuquerque e Arthur Willkomm Kazniakowski

 

 

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