Falta de Medicamentos
Recentemente, tem sido relatado com frequência a falta de medicamentos nas unidades de saúde, farmácias e hospitais, problema que traz uma série de malefícios à população brasileira. Dados atualizados revelam que essa situação já foi relatada ao menos em 17 Estados e no Distrito Federal, preocupando autoridades e profissionais da saúde uma vez que a manutenção da saúde depende da disponibilidade desses produtos. Assim, é preciso
entender os motivos que cercam esse desabastecimento, assim como as suas consequências.
Em um primeiro momento, temos que pontuar a dependência do Brasil em relação a outros países a respeito da importação tanto dos próprios medicamentos, quanto de suas matérias primas. Atualmente, a China e a Índia assumem o posto de principais fornecedores de insumos para a produção farmacêutica nacional. Desta forma, pensando em nível mundial, esse fornecimento tem sido interrompido devido a múltiplas causas; há pouco tempo, por exemplo, a China decretou a volta do “lockdown” em virtude dos casos da COVID-19, chegando até mesmo a interromper sua cadeia produtiva. Outro agravante recente que tem contribuído para o problema é a guerra na Ucrânia, movimentando negativamente as importações vindas da Europa. Além disso, também é preciso considerar os impactos relacionados à pandemia no geral, visto que durante esse período houve uma maior demanda de determinadas classes de medicamentos. Isso fez com que a produção fosse priorizada em detrimento de outros, acarretando em um “efeito dominó” e levando à defasagem dos que ainda estão em circulação.
O cenário atual é extremamente delicado e afeta tanto a rede pública, quanto a privada, pois esta escassez abrange desde medicamentos comuns até os de alta complexidade. Uma das soluções encontradas é a substituição de alguns medicamentos por outros que possam ser utilizados no lugar; porém, não são todos os que apresentam essa opção. A consequência disso é que serviços de atenção primária ou de maior complexidade, bem como procedimentos cirúrgicos eletivos, têm sido diretamente afetados – há relatos que em alguns hospitais foi preciso cancelar cirurgias de caráter não urgente e interromper, ou até mesmo não iniciar, determinados tratamentos. Em São Paulo, no final de abril, pelo menos 22 produtos que seriam fornecidos pelo Ministério da Saúde estavam em falta no Estado – a maioria, medicamentos de alto valor usados em tratamentos que não podem ser interrompidos. Dados atualizados mostram que já no final de maio, eram cerca de 43 substâncias ausentes no Estado, incluindo até mesmo soro fisiológico.
Especialistas afirmam que esta situação já perdura desde o início do ano, chamando mais atenção à medida que afeta cada vez mais Estados e se torna mais grave. Nos dias atuais, medicamentos de todas as grandezas já estão em falta, incluindo antibióticos – que têm sido amplamente utilizados, e muitas vezes de maneira irracional – até mesmo dipirona, diazepam e anestésicos que são essenciais para manter o sistema ambulatorial e hospitalar. Além dos fatores já citados, o abastecimento irregular também foi agravado pelo aumento dos casos de síndromes gripais, devido à alta procura da população por tratamentos farmacológicos eficazes. Com isso, a supervalorização dos medicamentos que chegam para a comercialização tem refletido significativamente no seu preço, gerando mais um empecilho para a aquisição dos mesmos.
Os problemas no fornecimento pelo Ministério da Saúde e as dificuldades enfrentadas na importação dos medicamentos e insumos têm contribuído para a utilização excessiva dos medicamentos e colapso do sistema de saúde – isso somado ao fato de que, durante a pandemia, diversos procedimentos foram adiados para os dias atuais. Outro ponto que devemos alertar é sobre o uso irracional e a automedicação, pois além de favorecer a situação de desabastecimento, também configura um risco à saúde. Mas qual o problema concreto? Não está sendo possível garantir um estoque de segurança – quantidade de medicamento que vai continuar abastecendo os locais enquanto o fornecedor não entrega a nova remessa – tanto, em hospitais, quanto em outras unidades de saúde, preocupando cada vez mais os profissionais da área.
Desta forma, podemos destacar a importância da atuação do farmacêutico para o manejo da situação, sendo ele o profissional responsável pelo gerenciamento e aquisição de medicamentos nas unidades de saúde. Assim, provem os medicamentos e / ou seus correlatos no momento em que são requeridos, levando em consideração a quantidade necessária, com qualidade assegurada, e sempre ao menor custo possível, tudo dentro dos prazos e especificações exigidas. Uma vez que esse ciclo de abastecimento está intimamente ligado ao estoque, o farmacêutico irá atuar desde a seleção dos medicamentos ainda disponíveis para comercialização, até um possível gerenciamento de crise para que os serviços de saúde essenciais não sejam interrompidos e continuem a serviço da população.
Referências:
g1.globo.com/saude/noticia/2022/05/23/medicamentos-em-falta-o-que-fazer-se-seu-remedio-sumir-das-prateleiras.ghtml
saude.ig.com.br/2022-05-21/brasil-falta-medicamentos.html
correiobraziliense.com.br/brasil/2022/04/5002058-hospitais-e-farmaciasrelatam-falta-de-remedios-veja-produtos.html
g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2022/05/16/hospitais-publicos-de-sao-paulo-adiam-cirurgias-por-falta-de-medicamentos.ghtml
g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2022/04/22/hospitais-publicos-e-privados-de-sp-enfrentam-escassez-de-medicamentos-pelo-menos-22-produtos-estao-em-falta-no-estado.ghtml
0 comentários