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Descarte consciente de medicamentos

Valormed

9 fev, 22

Atualmente, é cada vez maior a preocupação acerca do destino final dos medicamentos, sejam eles de origem domiciliar ou hospitalar, visto que já existem diferentes estudos sobre seus impactos, tanto no meio ambiente, como na própria saúde da população como já discutimos em outros textos. O sistema de logística reversa para resíduos de medicamentos só começou a ser oficialmente regulamentado através do decreto 10.388 de dezembro de 2020 no Brasil. Mas não estamos navegando por águas desconhecidas. Outros países possuem iniciativas em âmbito nacional para gestão desse tipo de resíduos, uma dessas é a VALORMED em Portugal. 

A VALORMED, criada em 25 de outubro de 1999, é uma sociedade sem fins lucrativos responsável pela gestão dos medicamentos fora de uso e de suas embalagens, ambos de origem domiciliar. Esta sociedade portuguesa atua em todo o território, buscando preservar tanto o meio ambiente quanto a saúde pública, sendo  uma das referências mundiais neste âmbito. Além disso, possuem um diferencial: eles também se responsabilizam pelos resíduos de origem veterinária e de uso animal. Tendo em vista o papel de nós, sociedade, no chamado “Ciclo dos Medicamentos”, a VALORMED desenvolve campanhas que visam conscientizar a população sobre a necessidade e importância do descarte correto e da utilização dos pontos de coleta. Desta maneira, através do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens e Medicamentos (SIGREM) a VALORMED, há 22 anos, atua por meio da logística reversa, garantindo o correto destino e descarte de medicamentos domésticos vencidos ou em desuso, além das suas embalagens. 

Mas como toda essa estrutura é possível? Não é tão complicado assim! O  SIGREM tem o seu funcionamento assegurado pela atuação conjunta de três esferas a fim de garantir a gestão e o bom funcionamento do sistema: indústria farmacêutica, distribuidoras farmacêuticas e as farmácias. A indústria farmacêutica é a maior protagonista na manutenção da VALORMED, sendo responsável pela sustentabilidade financeira do sistema, respeitando 3 princípios gerais da gestão de resíduos: responsabilidade do produtor, poluidor-pagador e desenvolvimento sustentável. A distribuição farmacêutica assegura o funcionamento do sistema pela logística reversa, entregando os medicamentos e contentores na farmácia e posteriormente fazendo a recolha e armazenamento intermediário dos resíduos. Por fim, as farmácias de Portugal assumem a responsabilidade de receber os resíduos entregues pela população, e também promover no momento da aquisição a conscientização e esclarecimento a respeito do descarte correto, incentivando a devolução dos mesmos. 

Assim sendo, os relatórios e a prestação de contas anuais desta organização sem fins lucrativos apontam que desde sua criação foram recolhidas mais de 15 mil toneladas de resíduos de embalagens e medicamentos, juntamente com uma diminuição da emissão de CO2 na natureza de aproximadamente 3,4 mil toneladas. Adicionalmente, no 1º semestre de 2021 a taxa de reciclagem de embalagens atingiu 54,03% no país. Para que isso seja possível, toda essa gestão, desde os contentores instalados gratuitamente nas farmácias, seu  transporte para um Centro de Triagem, separado e classificado e destinação final precisam estar alinhados, não só com a iniciativa, como também com os interesses públicos e governamentais. 

Por isso, essa sociedade tem como objetivos fundamentais:

  • Transmitir a responsabilidade e preocupação do setor farmacêutico com o destino adequado dos resíduos de embalagens e medicamentos de origem doméstica
  • Sensibilizar para a não acumulação de medicamentos nos domicílios por parte dos cidadãos
  • Minimizar o impacto que os resíduos de embalagens e medicamentos podem vir a causar sobre o meio ambiente
  • Evitar a automedicação indevida 

Os medicamentos que partem do fabricante e chegam até o consumidor, realizarão o mesmo caminho de volta, podendo ser descartados em pontos de coleta específicos. Em 2019, um levantamento apontou que 76% dos entrevistados tinham hábitos incorretos ao descartar medicamentos vencidos ou que sobraram, como jogar no lixo comum, pias, e até mesmo nos vasos sanitários. Desta forma, apesar do começo tardio em relação a outros países, podemos aprender muito com outras iniciativas como essa. Precisamos envolver a sociedade como um todo, realizar campanhas de conscientização, conscientizar as pessoas próximas a nós, demonstrar o importante papel de cada um com a saúde pública e o meio ambiente!

Referências:

https://www.cff.org.br/pagina.php?id=801&titulo=Boletins

http://www.valormed.pt/intro/home

http://www.valormed.pt/article/view/12/indicadores-e-dados-gerais-1-semestre-2021

http://www.valormed.pt/paginas/2/quem-somos/

http://www.valormed.pt/paginas/9/sigrem

http://www.crfsp.org.br/noticias/7993-farmacia-sem-farmaceutico-e-comercio-puro.html

pfarma.com.br/noticia-setor-farmaceutico/mercado/5707-logistica-reversa-medicamentos.html

crfpi.org/farmacias-terao-que-receber-medicamentos-vencidos-ou-em-desuso/

 

Autora: Luana Ribeiro
Revisores: Vladimir Pedro, Luiza Sardinha e Júlia Albuquerque

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