A situação desafiadora da doença infecciosa causada pelo novo coronavírus levou o Hemorio a mais uma tentativa terapêutica. A ideia é utilizar o plasma sanguíneo de pessoas curadas para tratar pacientes graves de COVID-19. Eles serão convocados e avaliados no Estado do Rio de Janeiro como possíveis doadores. Mas o que é esse plasma?

O plasma é a parte líquida do sangue. Após a recuperação de doenças infecciosas como as viroses, podemos encontrar nele algumas proteínas que chamamos de anticorpos, as quais ajudam no combate ao vírus. Logo, existe a possibilidade de imunidade imediata aos receptores da terapia. Esse é o mesmo conceito utilizado no desenvolvimento do soro antiofídico, no qual anticorpos produzidos em cavalo, após serem expostos ao veneno de cobras, são utilizados para a terapia, valendo ressaltar que esse tipo de tratamento já possui um histórico de utilização em epidemias de Ebola e H1N1, dentre outras infecções. Apesar de não ter comprovação definitiva de sua eficácia por ensaios clínicos, muitos estudos sugerem resultados promissores.

A Agência Reguladora dos Estados Unidos foi pioneira na publicação de orientações para tal tratamento. Além disso, no passado, uma parceria entre a Fiocruz e a Universidade de Pittsburgh já proporcionou estudos com bons resultados laboratoriais para o vírus da Dengue.

No caso da COVID-19, em que não há vacinas ou medicamentos específicos disponíveis, qualquer hipótese de cura é relevante, especialmente por transfusões de plasma serem, geralmente, seguras. Apesar das evidências científicas ainda serem limitadas, o possível tratamento com plasma contra o SARS-CoV-2 está bem consolidado pela literatura e pelos critérios do Ministério da Saúde. Além disso, no Brasil é importante a comprovação da eficácia clínica e de segurança de produtos oriundos do sangue, já que reações alérgicas e eventos adversos podem ocorrer e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alerta para os devidos cuidados e controles necessários desse tipo de tratamento.