Já discutido anteriormente por  nós, os anticoagulantes — como a heparina — demonstraram um efeito positivo contra a COVID-19. Recentemente, foi descoberto que o medicamento aspirina — um fármaco pertencente a essa classe, além de também ser anti inflamatório — pode apresentar uma ação importante no combate e prognóstico de pacientes com COVID-19.

Uma pesquisa liderada pela Escola de Medicina da Universidade de Maryland analisou a possível associação entre o uso diário em baixas concentrações (81 mg) — dosagem utilizada para que o medicamento haja principalmente como um anticoagulante — e a redução de complicações pela COVID-19. De maneira geral, os resultados foram bem promissores para a evolução e o prognóstico da doença, reduzindo de forma significativa as chances do paciente infectado ir para UTI, de precisar de suporte ventilatório e de mortalidade em 43%, 44% e 47%, respectivamente.

Adicionalmente, o desenvolvimento da infecção causada pelo SARS-CoV-2 pode evoluir para complicações cardiovasculares, como o infarto do miocárdio associado a coágulos, que podem levar a derrame e falência múltiplas dos órgãos. Coincidentemente ou não, o mecanismo de ação da aspirina atua de forma a minimizar o aparecimento desses coágulos, podendo diminuir a probabilidade de complicações da doença.

Considerando que se trata de um medicamento barato, acessível e bem disseminado, o seu uso pode ser feito de forma errada e, ao invés de benefícios, o medicamento pode trazer prejuízos. Aumento da probabilidade de casos de hemorragia e de úlceras pépticas estão associados ao uso diário e prolongado, em crianças, ela pode, raramente, causar a síndrome de Reye, uma doença grave e de rápida progressão, sendo o medicamento contra indicada para o tratamento de infecções virais ou febre durante essa idade. Por isso, seu uso sem indicação não deve ser realizado.