Agenda 2030: e a ISO com isso?
Considerado pioneiro do movimento ambientalista, a publicação do livro “Primavera Silenciosa” em 1962, trouxe à tona um alerta acerca do uso agrícola de pesticidas químicos e sintéticos, destacando uma pauta extremamente importante: a forte relação do meio ambiente com a vida, principalmente a maneira como o afetamos e, consequentemente, como somos afetados. Historicamente, diversas conferências se sucederam, como a “Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano” (Estocolmo) e a “ECO-92 (Cúpula da Terra)”, dentre outras, fazendo com que diversos países se comprometessem permanentemente a fim de reduzir os impactos ambientais, abraçando o desenvolvimento sustentável. Com o passar dos anos, à medida que a noção da relação de dependência com os sistemas que sustentam a vida foi se fortalecendo, a preocupação com o ambiente se tornou cada vez mais frequente e necessária.
Assim, tendo em vista esta relação bem estabelecida, novos planos e metas continuam sendo traçados até os dias atuais, visando assegurar a preservação dos ecossistemas como um todo e, consequentemente, garantir o bem estar da população até as gerações futuras, com base principalmente na sustentabilidade. Por isso, hoje em dia, muitos especialistas têm unido esforços para a compreensão da Saúde Única (One Health) como uma forma globalizada de se pensar a própria saúde pública – envolvendo a saúde animal, ambiental e humana – e, até mesmo, de se atingir o desenvolvimento sustentável. Em 2015, todos os países membros das Nações Unidas se uniram para a adoção da “Agenda 2030”, uma política global que concentra suas metas em cinco áreas de interesse (pessoas, prosperidade, paz, parcerias e planeta). No geral, foram traçados os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), que buscam assegurar o direito humano ao desenvolvimento sustentável, conciliando-o com o crescimento econômico e garantindo que as próximas gerações possam ter direitos e oportunidades, até maiores que os da geração atual.
Dentro destes amplos objetivos foram traçadas 169 metas evidenciando também a necessidade da ação conjunta nacional e internacional, tanto do governo, quanto de organizações, empresas e sociedade. Considerando o impacto causado por toda a sociedade, problemas já debatidos anteriormente pelo DescartUFF indicam forte ligação das crises ecológicas com empresas e indústrias de uma maneira geral. Com isso, a responsabilidade social e ambiental passou a se destacar positivamente nas organizações, por vezes tornando-se até mesmo um requisito indispensável, através de certificações, para atestar a qualidade do serviço e comprometimento. Assim, frente às empresas e indústrias, as ISOs, sigla para International Organization for Standardization, buscam assegurar a qualidade para o máximo de processos possíveis em diferentes setores empresariais, reunindo as normas de padronização das empresas. E por que elas merecem destaque? Qual a relação com o meio ambiente?
Primeiramente, é importante ressaltar que o surgimento das ISOs facilita a comercialização entre os 165 países adeptos a essa certificação, sendo aceita a nível mundial devido à necessidade de padronizar os serviços ofertados em mundo conectado. Temos então a ISO 14001:2015, reconhecida internacionalmente em mais de 100 países e voltada para a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental, levando em consideração todos os tipos e portes de organização, além da condição geográfica, cultural e social de cada uma. Em razão da preocupação cada vez maior com a responsabilidade social e ambiental, esta certificação oferece uma forma eficaz de planejar, organizar e praticar ações ambientais, buscando avaliar os danos aos recursos ecológicos que por ventura são produzidos ao longo do processo produtivo. Assim, pode estar integrada a outros elementos da gestão empresarial, de forma a minimizar, controlar e auxiliar no descarte de resíduos, e então promovendo a sustentabilidade, proporcionando conformidade com as devidas legislações. Por exemplo, alguns de seus objetivos incluem a redução do uso de matéria prima, promoção de conservação dos recursos ambientais, dentre outros.
Contudo, apesar de não serem obrigatórias, por vezes essas certificações são exigidas pelo cliente, sendo levadas em consideração para tomadas de decisões, uma vez que elevam o nível de confiança de que as normas e os requisitos de qualidade estão sendo devidamente seguidos. Assim, a ISO 14001 atua para controlar e reduzir os impactos causados pelas empresas e indústrias, considerando que são indispensáveis, visto que são as principais poluidoras da natureza, contaminando o ar, o solo e a água. Diante dos fatos, torna-se necessário compreender que o movimento a favor do meio ambiente está inserido num processo contínuo, cujo objetivos e metas são por vezes redefinidos e atualizados, de modo a atender às demandas e prioridades. Podemos citar o aquecimento global como consequência recente dessa reação em cadeia, onde “pequenos” impactos combinados geraram um “super problema”, causando alterações climáticas graves, derretimento das calotas polares aumentando o nível do mar, desertificação de áreas anteriormente florestais, entre outros.
Em suma, é comprovado que a indiferença em relação à causa ambiental é responsável por causar danos fortes e irreversíveis ao meio ambiente, cujo nós habitamos e dependemos. Os recursos ecológicos são de extrema importância para a manutenção da vida; por isso, é preciso assegurar a sua preservação e uso racional, além de criar um senso de coletividade da população como um todo pela causa ambiental.
Referências:
<https://www.escoladebotanica.com.br/post/primavera-silenciosa>
<https://certificacaoiso.com.br/certificacao-iso-as-principais-normas/>
<http://www.ods.cnm.org.br/agenda-2030>
<https://brasil.un.org/pt-br/91223-onu-e-o-meio-ambiente>
<https://portaldeperiodicos.animaeducacao.com.br/index.php/gestao_ambiental/article/view/6707/4348>
Autor: Luana Ribeiro
Revisora: Peixoto de Albuquerque
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