Importância da Biodiversidade para a saúde e indústria farmacêutica
O termo biodiversidade diz respeito à variedade de formas de vida em todos os níveis, desde microrganismos até flora e fauna silvestres, além da espécie humana. Os serviços ecossistêmicos (benefícios que o ser humano obtém dos ecossistemas) mostram como a preservação do meio ambiente e biodiversidade são essenciais para a manutenção da vida humana, com ações de regulação climática, de doenças, provisão de alimentos, água, madeira, produção de oxigênio, ciclagem de nutrientes entre outros diversos.
Um desses serviços é o grande patrimônio genético natural, com valor estratégico no campo de desenvolvimento de novos medicamentos. Estima-se que 40% dos medicamentos disponíveis na terapêutica atual foram desenvolvidos de fontes naturais: 25% de plantas, 13% de microrganismos e 3% de animais. No período entre 1983-1994, dos 520 novos medicamentos aprovados pela agência americana de controle de medicamentos e alimentos (FDA), 39% foram desenvolvidos a partir de produtos naturais. Além disso, um terço dos medicamentos mais prescritos e vendidos no mundo foram desenvolvidos a partir de produtos naturais. No caso das drogas anticancerígenas e dos antibióticos, por exemplo, esse percentual atinge cerca de 70%.
De cada 150 medicamentos receitados e comercializados nos Estados Unidos, 118 são elaborados a partir de produtos originários da biodiversidade, como plantas, fungos, bactérias e animais. Estima-se que 80% dos habitantes de países em desenvolvimento dependam da medicina tradicional para suprir suas necessidades básicas de saúde, e 85% dos medicamentos produzidos por esse tipo de medicina envolvam o uso de extratos de plantas.
Atualmente, as maiores indústrias farmacêuticas mundiais possuem programas de pesquisa na área de produtos naturais, pois oferecem diversas vantagens – por exemplo, grande quantidade de estruturas químicas e economia de tempo e recursos. A busca direta por estes recursos é denominada bioprospecção. Porém, infelizmente, muitas vezes, esta obtenção de insumos para a produção de fármacos é realizada pela Biopirataria, onde a exploração de matérias primas é feita de maneira ilegal, através do furto de riquezas naturais, animais, plantas e conhecimentos de povos nativos. O Brasil é um dos grandes alvos da Biopirataria.
Dessa forma, se mostra clara a necessidade da adoção de práticas de produção conscientes e sustentáveis, as quais muitas vezes não acontecem. A crescente destruição e alteração dos ecossistemas naturais, junto com a expansão urbana, introdução de espécies exóticas invasoras e outras formas de transformações do ambiente natural, trazem consigo a perda da biodiversidade e facilitam o aparecimento de doenças. Quando, além de não cuidarmos do lixo que produzimos, ainda jogamos remédios e medicamentos vencidos ou em desuso, na pia e no vaso sanitário, causamos impactos negativos e irreversíveis no ambiente e – agora já sabemos! – também na biodiversidade! E, como diz o ditado, o feitiço vira contra o feiticeiro; a redução na biodiversidade dificulta a descoberta de novas substâncias terapêuticas ou com potencial curativo.
Por fim, entendemos que a manutenção da biodiversidade é de extrema importância para a preservação dos serviços ecossistêmicos. As atividades humanas que levam à degradação do ambiente causam, como consequência direta ou indireta, a perda da biodiversidade. Por isso, é sempre importante lembrar que podemos fazer a nossa parte descartando medicamentos corretamente, pois dessa forma estaremos cuidando do nosso maior bem precioso: a natureza e suas infinitas formas de vida.
Referências:
http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252003000300022#:~:text=Estima%2Dse%20que%2040%25%20dos,microrganismos%20e%203%25%20de%20animais.
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/1568/1/TD_1569.pdf
https://www.scielo.br/j/ea/a/5ffmTbhgzD3WQMjJPFWx7pK/?format=pdf&lang=pt
https://www.embrapa.br/tema-servicos-ambientais/sobre-o-tema
https://resiliente.campinas.sp.gov.br/sites/resiliente.campinas.sp.gov.br/files/documentos/publicacao_22.01.2021_observatorio_da_cidade_resiliente.pdf
0 comentários